ÀGBÓ-Ọ̀DÀRÀ (ÒRÌṢÀ ÈṢÙ)

"Èṣù, a riqueza da cidade. Aquele que possui olhos que afugentam as forças do mal. O Òrìṣà que carrega a pessoa nas costas para a cidade da riqueza..."

Ẹlẹ́gùn Èṣù em Ilé Ifẹ̀, foto by My Black Festivals
Ẹlẹ́gùn Èṣù em Ilé Ifẹ̀, foto by My Black Festivals

Embora seja por Èṣù, um dos seus títulos, que este Imọlẹ̀/Òrìṣà (Divindade) é mais conhecido na Nigéria e no Brasil. Vários iorubás, principalmente Christopher Láògún Adéoyè, afirmam que o nome primordial deste Òrìṣà é Àgbó-Ọ̀dàrà, em seu aspecto benfazejo, benevolente. E Àgbó-Oríwò em seu aspecto mais caótico.

Divindade masculina, primordial, criado por Elédùmarè e delegado a ser o guardião da sua porta, o seu mensageiro e também o seu fiscal entre os mundos.

É a Divindade (Imọlẹ̀/Òrìṣà) mais próxima do Todo Poderoso Elédùmarè, o seu fiel fiscal, aquele que aplica a sentença divina, por isso Èṣù não é bom e nem ruim, ELE É PERFEITO. Ele é bom para os bons e ruim para os ruins.

Ele é o líder dentre todos os Imọlẹ̀/Òrìṣà e Ajogun.

Àgbó-Ọ̀dàrà traz como características a inteligência, a grandeza, o poder e a velocidade. Características únicas que lhe dão condições de desempenhar suas funções com maestria. Èṣù porta um ọ̀gọ (bastão fálico), que tem o poder de lhe levar "na velocidade da luz" para onde Ele quiser, e também porta várias àdó (cabacinhas) repletas de magias e poderes.

Èṣù é o próprio caos, mas é também aquele que organiza o caos, o Senhor da ordem do Universo. O Senhor da ordem, organização e disciplina, características que Ele cobra dos seus devotos.

Èṣù é quem regula o àṣẹ (poder vital) do Mundo e das pessoas, através dos ètùtù, ẹbọ, bíbọ, etc. que as pessoas fazem.

Èṣù é o Senhor dos inícios, portas/entradas, encruzilhadas, caminhos, feiras/mercados. É Ele quem guarda e protege as entradas das casas, templos e cidades. Como Senhor dos mercados é Ele quem faz o dinheiro se movimentar, circular, é a Divindade capaz de tornar uma pessoa próspera e rica financeiramente.

Possuidor de um grande falo, é o Senhor da fertilidade masculina, é o poder de Èṣù que faz os homens e animais procriarem e se multiplicarem. Ele é o Senhor da multiplicação.

Algumas famílias falam que Èṣù tem uma esposa, ou até mais de uma, mas a mais conhecida é Àgbérù, aquela que sempre anda junto com ele e é quem carrega os seus ẹbọ. Porque Èṣù tem a cabeça pontiaguda, não pode carregar fardos e nem ẹbọ.

Por muitos anos o Òrìṣà Èṣù foi erroneamente confundido ou até mesmo considerado o Diabo (cristão), tanto na Nigéria quanto no Brasil, triste realidade que gerou infelizes consequências para o culto de Èṣù e os seus devotos. Èṣù kìí ṣe Sátánì (EXU NÃO É O DIABO).

Muitos são os títulos desta Divindade: Èṣù, Ẹlẹ́gbára, Láàlú, Ẹlẹ́gbàá, Ẹlẹ́gbàá-Ọ̀gọ, Láaróyè, Agúnbíadé, Onílé-Oríta, Ajígídan-Irin, Alàmùlamu-Bàtá, Olóògùn-Àjísà, Èrù, Láarúmọ̀, Ọra, Olúlànà, Látọpa, Ọbasin, Alájé, Ọlọ́jà, Alángájígá, Láafíyàn.

Os principais elementos (símbolos) de culto a esta Divindade são: Ẹ̀rẹ́: argila, barro, Yangí: laterita, Ère: estatuetas de madeira representativas do Òrìṣà Èṣù, Ọ̀gọ: bastão fálico de madeira, Àdó: pequenas cabacinhas, Owó ẹyọ: búzios e Ọ̀bẹ: faca.

Èṣù é cultuado através dos seus mais variados aspectos, positivos e negativos. Èṣù deve ser cultuado para que nossos caminhos não se fechem. Para que nossos pedidos cheguem ao consentimento de Olódùmarè e possam então ser sancionados. Para que nada e ninguém nos faça mal. Para que tenhamos vida longa e tudo de satisfatório enquanto estamos na Terra (Àiyé).

Na Nigéria o seu dia de culto é o Ọjó Awo (Dia do Segredo, da Sabedoria), também chamado de Ojó Ayọ̀ (Dia da Alegria), segundo dia da tradicional semana iorubá de quatro dias. No Brasil Èṣù passou a ser cultuado as segundas-feiras (Ọjó Ajé/Dia da Riqueza), mas é uma Divindade que pode ser cultuado em todos os dias da semana.

Seu principal lugar de culto é a Ìkóríta (encruzilhada, cruzamento de caminhos), sobretudo a Oríta mẹ́ta (encruzilhada de três caminhos, três pontas). Èṣù também é cultuado na entrada das casas, templos e cidades, e nas feiras e mercados da cidade.

Vários são os elementos utilizados como oferendas (libações e comidas) ao Òrìṣà Èṣù, em ritos como: ètùtù, ẹbọ, bíbọ, etc.

É um costume falar que "Èṣù é a boca do Mundo", que "Èṣù é a boca que tudo come", significando que todas as bebidas e comidas podem ser oferecidas à Èṣù, mas o melhor é sempre optarmos por elementos originais e tradicionais, que já possuem as suas simbologias estabelecidas.

Elementos como:

- Omi (Omi tutun): água, água fresca.

- Ẹmu: vinho da palmeira de dendê.

- Ọtí òyìnbó: gim ou qualquer bebida alcoólica estrangeira.

- Ọtí ìrèké: aguardente de cana-de-açúcar, cachaça.

- Epo (Epo pupa): azeite de dendê.

- Iyọ̀: sal.

- Oyin: mel.

- Obì: noz-de-cola.

- Orógbó: noz-amarga.

- Iṣu: inhame, cru ou assado.

- Iyán: inhame pilado.

- Àmàlà/Ọkà: pirão de farinha de inhame.

- Àgbàdo: milho vermelho torrado.

- Ẹ̀kọ: pudim de milho branco.

- Ẹ̀wà: feijão, cozido ou torrado.

- Àkàrà (Àkàrà elépo): bolinho de feijão fradinho frito no azeite de dendê, acarajé.

- Èkuru: massa de feijão fradinho cozida.

- Ọ̀gẹ̀dẹ̀: banana.

- Ìrèké: cana-de-açúcar.

- Àkùkọ: frango/galo.

- Ẹtù/Awó: galinha-de-angola.

- Ẹyẹlé: pombo.

- Òbúkọ/Òrúkọ: cabrito/bode.

- Ẹlẹ́dẹ̀: porco.

- Àgbò (em algumas famílias): carneiro.

- Ajá (em algumas famílias em outras é èèwọ̀): cachorro.

Èṣù é uma Divindade maravilhosa e perfeita para todos os devotos que possuem bom caráter, amor aos Deuses e disciplina espiritual.


21 COISAS QUE VOCÊ DEVERIA SABER SOBRE O ÒRÌṢÀ ÈṢÙ DENTRO DO Ẹ̀SÌN ÒRÌṢÀ ÌBÍLẸ̀ (CULTO TRADICIONAL IORUBÁ AOS ORIXÁS)


A Divindade Rei da cidade de Kétu. Èṣù, aquele que propicia dinheiro. Èṣù, aquele que propicia crianças.